Nove meses depois da pior derrota da história centenária da Seleção Brasileira na semifinal da Copa, o governo federal está na Alemanha para conhecer o projeto batizado de “revolução do futebol alemão” e tentar colocá-lo em prática no país humilhado pelo 7 x 1. O secretário de Futebol do Ministério do Esporte, Rogério Hamam, iniciou ontem um intercâmbio na nação tetracampeã do mundo.
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O desgaste piorou depois da ausência de dirigentes da CBF no evento em que a presidente Dilma Rousseff assinou a Medida Provisória sobre a renegociação das dívidas dos clubes. “(José Maria) Marin e (Marco Polo) Del Nero estavam fora do país (na Suíça), mas poderia ter um representante”, reclama o secretário, por telefone, do hotel em que está hospedado na Alemanha.
Apesar do desdém, o secretário do futebol descarta um contra-ataque na próxima quarta-feira, na posse do presidente eleito da CBF, Marco Polo Del Nero. “Essa é uma missão que estou assumindo. Não pretendo provocar uma guerra contra a CBF. Acredito que não seria bom para o futebol brasileiro. Falei com o Ministro (George Hilton) para não devolvermos a mesma falta de elegância na posse do Del Nero. Se o ministro tiver dificuldades em sua agenda, ao menos eu estarei presente”, promete.
O discurso diplomático de Rogério Hamam tem a ver com o que testemunha na Alemanha. “Aqui, o futebol é levado a sério. Eu noto uma relação totalmente harmoniosa entre o governo alemão e a DFB (Federação Alemã de Futebol). O objetivo principal da viagem é conhecer de perto o trabalho das academias de formação de jovens atletas e a bem- sucedida estrutura do futebol feminino na Alemanha”.
Guerra fria
Uma das razões para a ausência da CBF na assinatura da MP é a exigência de que os clubes invistam no futebol feminino. Derrotadas ontem justamente pela Alemanha, por 4 x 0 (leia matéria acima), as meninas da Seleção teriam sido impedidas de vir a Brasília para o evento.
“O projeto que chamam de ‘revolução do futebol alemão’ teve início em 2001, esperando resultados depois de 10 anos da sua implantação. Os clubes foram obrigados a implantar academias e centros de treinamentos para jovens jogadores como condição para participar da liga de futebol alemã. Além de impor uma política financeira rigorosa para evitar que clubes acumulassem dívidas, como ocorre no Brasil. É também o que pretendemos com a MP. Clubes com saúde financeira, investindo na formação de atletas e fomentando o futebol feminino”, insiste Rogério Hamam.
O combate à violência nos estádios é outro tema do intercâmbio na Alemanha. “Eles têm um trabalho interessante chamado Franprojekt. Estarei com o diretor da KOS, que é um braço não governamental que supervisiona as ações das Torcidas Organizadas Alemãs. O valor do bilhete nos torneios nacionais é outra preocupação. Na Alemanha, os preços dos ingressos foram congelados e no Brasil estamos com dificuldades de encontrar um ponto de equilíbrio, principalmente nas novas arenas. Quero identificar alternativas, mas entendo que temos que elaborar um plano em médio prazo”, projeta.
Fonte: Redação