Agrodefesa quer transformar Goiás na terra do alimento seguro

O agrônomo Arthur Eduardo Alves de Toledo, 52 anos, assumiu no último mês de março a presidência da Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa). Entre os desafios para a área ele aponta a manutenção dos status sanitários já conquistados, ampliação por meio de parcerias de ações de educação sanitária e a intensificação da fiscalização tanto do trânsito de animais quanto de vegetais. O objetivo é garantir a segurança alimentar da população e abrir novos mercados. Entre as novas metas está a busca pelo reconhecimento internacional de zona livre da peste suína clássica em Goiás. Ao Goiás Agora ele fala ainda dos desafios internos da Agrodefesa e da importância de seu quadro de servidores.

Desafios
“Nós temos algumas coisas importantíssimas a fazer e, na verdade, a continuidade de um trabalho muito bem feito que Goiás já vem fazendo e é uma referência no âmbito nacional”, pontua. Segundo ele, entre os principais desafios está a manutenção dos status sanitários já conquistados junto à Organização Mundial da Saúde Animal (OIE) e ao ambiente nacional, como o certificado de zona livre de aftosa ainda com vacinação. Na última semana a Agrodefesa deu início à busca pelo reconhecimento internacional de zona livre da peste suína clássica.

Orientação
Assim como os demais órgãos do governo, a Agrodefesa reduziu o número de gerências. Arthur revela que a orientação estratégica recebida do governador Marconi Perillo e do secretário de Desenvolvimento, José Eliton, é que atuar “dentro dessa filosofia, sem perder o mito fundante da defesa sanitária animal e vegetal (inspecionar, fiscalizar, sermos justos e austeros na proteção das pessoas através da qualidade dos alimentos e da sanidade animal e vegetal). Isso nós não abrimos mão. O Estado tem que realmente fiscalizar, inspecionar e fazer essa orientação. Só que nós queremos que isso seja feito não na perspectiva exclusiva da multa – de uma visão mais policialesca, mas sob o ponto de vista da orientação”.

Saúde
“Tudo o que nós fazemos de defesa animal, vegetal e inspeção é buscar essa inocuidade dos alimentos para que isso se transforme em saúde. E Goiás sem dúvida nenhuma, com todo o potencial agropecuário e do agronegócio, essa questão da defesa e das boas práticas sanitárias animal e vegetal, garante pra gente mercados”, explica. Arthur Eduardo argumenta que a atuação da Agência para garantir segurança alimentar é fundamental e aliado a isso está a conquista de mercados.
Pequenos produtores estão entre as ações prioritárias da Agrodefesa.

Segurança alimentar
O objetivo é que os produtos agropecuários goianos sejam sinônimo de segurança alimentar. “Que a gente possa conquistar os mercados e chegar a qualquer lugar do Brasil e do mundo. Que qualquer consumidor olhe para aquela embalagem e fale: se tem Goiás eu compro, porque é um alimento seguro. O nosso governador quer que cheguemos nesse nível e já estamos caminhando para isso: Goiás a terra do alimento seguro”, revela.

Pequenos produtores
Arthur adianta que dentro das ações prioritárias da Agrodefesa estão os pequenos produtores. Ele destaca que para um produtor chegar a ter um produto de qualidade ele tem que ter um domínio bom de suas práticas produtivas, tanto do ponto de vista de gerenciamento dos recursos, tecnologia, indicadores financeiros e de todo esse sistema produtivo administrativo. “Isso leva naturalmente a uma organização da propriedade a ponto de adotar todo o processo de manejo para ter no final a entrega para os mercados e para a sociedade de um produto de qualidade”.

Fiscalização
Entre os desafios para esta gestão está a intensificação da fiscalização, tanto dos postos fixos quanto das nossas unidades móveis. “A questão de trânsito de animais e produtos de origem vegetal é sempre um desafio. Goiás está muito avançado nisso. Nós temos hoje, contando com os dois postos fixos nas Ceasas de Goiânia e de Anápolis, mais 17 barreiras fixas espalhadas em todo o entorno do Estado. Nós temos um batalhão de gente trabalhando nisso e temos feito isso na área de fiscalização”, explica. Arthur completa que será reforçada a fiscalização volante, para que haja efeito surpresa.

Abate


Goiás tem hoje um dos menores índices de abate clandestino do Brasil.
Foto: Divulgação.

Arthur discorre que hoje a Agrodefesa está presente em quase 100% das unidades de abate de animais. “Mas nós temos os menores índices, senão o menor índice de abate clandestino do Brasil. Isso em estudo feito por universidades”, informa. Segundo ele, é um dado a se comemorar. A intensificação do trabalho de inspeção junto aos laticínios e frigoríficos, além do controle do trânsito de animais e de vegetais é algo importante para o processo de reconhecimento da sociedade.

Educação sanitária
Será realizada por meio de parcerias com a Emater, Sebrae, Senar, Faeg e outros órgãos que trabalham com edução. “Vamos ampliar a educação sanitária fazendo essas parcerias, porque é fundamental que todas as famílias tenham uma renda justa e digna e tranquilidade para avançar na qualidade dos alimentos que elas produzem”. O objetivo é qualificar os produtores e intensificar o cuidado com o alimento que sai da propriedade rural, para boas consequências nas empresas que vão beneficiá-lo e comercializá-lo. Isso começa na aquisição dos insumos, no seu uso racional – para que não deixe resíduo nem no animal nem em plantas, até a transferência do produto com qualidade para a sociedade.

“Então, desde a nossa abordagem, do nosso fiscal no final da sua intervenção deixando seu contato, oferecendo um treinamento para aquele interlocutor. Mesmo com auto de advertência ou infração expedido, que deixa essa mensagem para o interlocutor, para o empreendedor, que nós estamos do lado dele. Que nós queremos que o produto dele chegue com qualidade na sociedade, e que nós estamos prontos para atendê-los. Que ele passe no nosso escritório, que ele possa procurar os parceiros nossos para treinamento”.

Controle
O presidente argumenta que cabe a Agrodefesa desempenhar seu papel. A Agência estará presente no dia a dia dos produtores e vai investir na educação sanitária. Serão intensificadas as vistorias, visitas e inspeções, sempre sob a perspectiva da parceria. No entanto, aqueles produtores que resistirem a seguir essas orientações após os investimentos do Estado em informação e qualificação, o órgão usará seu poder de fiscalização e punição.

“Numa reunião com as gerências da casa eu disse isso: Olha, nós não temos interesse nenhum em prejudicar as atividades econômicas seja de produtores, de comerciantes, de donos de laticínios, frigoríficos ou qualquer que seja. Mas nós queremos que eles entendam – não exclusivamente a importância da defesa, mas de entregar para a sociedade um produto bacana, onde todos possam consumir com tranquilidade”, enfatiza.

Sistemas
Goiás é um dos oito estados que já trabalham no Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sisbi). Arthur adianta que o objetivo é que desde a menor agroindústria até a maior tenham registrado no sistema sua produção. A intenção é ampliar a base de dados do Sistema.

Servidores da Agrodefesa trabalham no controle de suínos.

Servidores
“Hoje nós temos um quadro de profissionais extremamente competentes, um quadro administrativo que atende a nossa necessidade de forma fantástica, porque não é um número muito grande. Para operacionalizar toda essa base técnica nós precisamos de muito apoio na área administrativa”. Ele cita que são cerca de 1,4 mil servidores voltados a ajudar a sociedade nesse projeto de segurança alimentar. Ele destacou ainda que está em andamento negociações salariais dos fiscais e agentes agropecuários.

Arthur afirma que está intermediando essa negociação e avalia a possibilidade de avanços, mesmo que de forma escalonada. “Nós queremos construir um processo de melhoria dessa condição sem criar constrangimentos e impactos nos gastos públicos, inclusive porque a própria Agrodefesa também tem condições e criatividade para ajudar nessa questão de ampliar e melhorar as condições salariais, e isso escalonado ao longo do tempo”, pontua.

Sociedade
“A grande parceria da Agrodefesa é com a sociedade. Nós precisamos aproximar o trabalho de defesa agropecuária da escola, das crianças, de dentro da casa das pessoas, com os fóruns, conselhos e todo o ambiente de controle e gestão social”, afirma. O presidente expõe que a partir deste ano cada unidade local da Agrodefesa prestará contas à comunidade. “Enfim, a Agrodefesa vai fazendo cada vez mais parte desse complexo social, político e econômico. Porque o fundamental é a sociedade receber um alimento mais seguro.

Entorno do DF
O presidente da Agrodefesa tem se reunido com órgãos de defesa e de agropecuária do Distrito Federal em relação ao fluxo e comercialização de produtos na região. “Queremos que tenha uma relação de troca entre o DF e Goiás como se todos fossem municípios interligados e toda a produção ali possa circular e possa se processar com o registro dentro da Agrodefesa e no órgão de defesa do DF”. As negociações também são referentes à comercialização dos alimentos produzidos por produtores goianos da região do Entorno municípios do DF com cidades do DF, como para o uso na merenda escolar. Ele avalia que isso avançará rapidamente.

Mormo
Com a detecção de uma égua contaminada com a doença em Goiás no ano passado, a Agrodefesa intensificou o combate e o monitoramento da doença. De acordo com Arthur Toledo estão sendo equipados os laboratórios de análise da Agência para resultados imediatos na identificação do Mormo. “Goiás é um corredor do Brasil inteiro de animais e produtos vegetais. Nós estamos localizados no centro do Brasil e por isso a nossa atenção tem sido tão grande”, esclarece. O presidente afirma que agora o Estado trabalha para recuperar o status de zona livre do Mormo. “Esse tratamento é territorial. Quando você identifica um foco não quer dizer que o Estado inteiro está contaminado. Imediatamente faz um diagnóstico da situação. E geralmente você protege aquele território e toma medidas emergenciais para que o foco não saia dali”.

Goiás tem trabalhado na diferenciação em relação ao controle de pragas, como a Helicoverpa.

Helicoverpa
Essa é uma das piores pragas de lavoura do mundo inteiro, com grande capacidade de reprodução, inclusive com cruzamento de outras espécies, e voracidade – em horas pode dizimar uma lavoura. “E Goiás tem feito um trabalho que trouxe uma diferenciação em relação ao controle. Sempre encaramos isso com muita seriedade e estabelecemos um programa de sanidade rápido, e estamos inclusive com um projeto de pesquisa em andamento na UFG e com parcerias com a Faeg. Hoje temos 54 técnicos coletando mariposas com armadilhas para o controle dessas populações. É o trabalho mais cuidadoso, mais estratégico que tem sido feito em âmbito nacional”, revela o presidente. Segundo ele, o Estado não está sofrendo o impacto que poderia ter ocorrido porque houve um intenso trabalho e rápida resposta do poder público.

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Por Marcela Andrade

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