A apuração foi a primeira ser concluída no Brasil. Jofran Frejat teve pouco mais de 44,4% dos votos
O Distrito Federal elegeu um novo governador. Pelos próximos quatro anos, Rodrigo Rollemberg, que foi matematicamente eleito com 55,57% dos votos e 98% das urnas apuradas, vai comandar a capital do país. O candidato concorrente, Jofran Frejat, teve 44,43%. O resultado da eleição foi o primeiro a ser concluído no país. Os correligionários de Rollemberg estão reunidos no NET Live Brasília, no Setor de Clubes Sul, para comemorar a vitória do ex-senador.
Após a saída de José Roberto Arruda da corrida pelo GDF, Rollemberg assumiu a liderança nas intenções de voto no primeiro e no segundo turno. No primeiro turno, venceu em 21 das 20 zonas eleitorais do Distrito Federal e teve 45% dos votos válidos. A maior parte das pesquisas também davam certa a vitória do candidato do PSB.
Na campanha do segundo turno, Rollemberg reafirmou que o resultado do primeiro foi por causa do plano de governo feito junto à população. "Tenho certeza que nosso programa de governo expressa o desejo de mudança da população", disse, na época, em discurso no comitê central da coligação PSB, PDT, PSD e Solidariedade, no Setor Comercial Sul.
Em recente sabatina promovida pelo Correio Braziliense e a TV Brasília, Rollemberg afirmou que pretende criar um Conselho de Transparência nos primeiros dias de seu governo caso saísse vitorioso da disputa pelo Palácio do Buriti. "Vamos reunir entidades da sociedade civil e oferecer à população do DF a possibilidade de acompanhar de perto toda a execução orçamentária do governo. Cada contrato, cada pagamento estará disponível", garantiu.
Perfil
Nascido no Rio de Janeiro em 13 de julho de 1959, Rodrigo Rollemberg chegou à capital aos nove meses de idade com a família e, por isso, considera-se brasiliense. Essa é, aliás, uma das principais defesas de sua campanha: a de Brasília ser governada, pela primeira vez, por alguém daqui. O candidato do PSB cresceu na cidade que o acolheu, estudou nas escolas públicas da 106, da 107 e da 206 Sul e ingressou na Universidade de Brasília (UnB), onde cursou história. Foi na instituição o primeiro contato com a política. Participou do movimento estudantil e fez parte do Diretório Central dos Estudantes (DCE). Lá, também conheceu a mulher, Márcia Helena Gonçalves Rollemberg, com quem tem três filhos. Recentemente, a família aumentou, com a chegada da primeira neta do casal, Mel.
Rollemberg tem 13 irmãos. Dos tempos de menino, guarda até hoje o hábito de reunir os parentes. A casa da mãe, na Asa Sul, virou um refúgio, ainda mais durante a campanha. Serviu também de ponto de apoio para o candidato almoçar e tomar um banho entre um compromisso e outro da agenda atribulada. “Passar o fim de semana juntos é muito precioso. O auge é quando vamos todos para a fazenda”, revelou a esposa. Ela entrega também alguns hábitos do marido. “Ele acorda muito cedo todos os dias, entre as 5h30 e as 6h. E gosta de caminhar. Aonde vamos, ele sai andando. Não consegue ficar parado”, brincou. Religioso, Rollemberg sempre mantém uma vela acesa em frente às imagens de santos que tem em casa e faz uma oração antes de sair. Entre as paixões, estão o futebol e o Botafogo.
O candidato do PSB teve, dentro de casa, o exemplo da vida pública. É filho do ex-ministro e ex-deputado federal Armando Leite Rollemberg. Aos 26 anos, Rodrigo entrou para o Partido Socialista Brasileiro (PSB) e coordenou por dois anos o segmento jovem. A partir daí, o caminho foi natural até a primeira disputa política. Em 1990, concorreu a uma vaga na Câmara Legislativa. Sem sucesso, assumiu a suplência quatro anos depois. Em 1996, foi convidado para ocupar a secretaria de Turismo, Lazer e Juventude do DF no governo de Cristovam Buarque. Também teve dois mandatos de deputado federal e um como senador, cargo que ocupa atualmente. Na esfera nacional, assumiu a Secretaria de Inclusão Social, do Ministério de Ciência e Tecnologia.
Entre os aliados, Rollemberg é visto como uma pessoa carinhosa e cuidadosa. “Ele sabe que tenho problema com labirinto e não posso andar na parte de trás do carro. Toda vez que íamos a algum compromisso de campanha juntos, fazia questão que eu fosse na frente. Também teve um carinho muito grande enquanto estive hospitalizado”, contou o deputado federal José Antônio Reguffe, eleito para o Senado. Os dois se conheceram durante a campanha de Cristovam Buarque em 1994, quando Rollemberg tentava uma vaga na Câmara Legislativa. Também é elogiado pela atenção que dá aos colegas da política e por saber ouvir sugestões. “Ele assumiu alguns compromissos na campanha que considero muito importantes, como o corte de 60% dos cargos comissionados e a retirada dos impostos locais dos remédios”, citou Reguffe.
Durante a trajetória política, o candidato participou da CPI da Grilagem. São deles as ideias de criar o Projeto Orla e a abertura dos monumentos de Brasília para visitação enquanto foi secretário. Durante o tempo em que trabalhou no Ministério de Ciência e Tecnologia, criou a semana Nacional de Ciência e Tecnologia e as Olimpíadas de Matemática das escolas públicas. “Ele se destaca na obstinação pela bandeira de seu projeto. Tem experiência e não deixará Brasília voltar para a vergonha que já passamos com governos anteriores, nem a decepção que está atualmente”, defendeu o senador Cristovam Buarque.