A economia de Goiás vai viver um dos maiores saltos de sua histórica nos próximos anos com os investimentos em logística e infraestrutura realizados pelo poder público e iniciativa privada
O prognóstico foi feito nesta terça-feira, dia 24, pelo governador Marconi Perillo, na abertura do 9º Fórum do Projeto Agenda Goiás, em Anápolis, sob o tema Infraestrutura e Logística.
O evento, que debate propostas e sugestões para incrementar o desenvolvimento na Região Central do Estado, contou com a participação de representantes de 31 municípios da região, dezenas de empresários e especialistas, para elencar projetos que agreguem competitividade para Goiás nos próximos dez anos.
Marconi lembrou que os 3,3 mil metros da pista do Aeroporto de Cargas de Anápolis, uma obra realizada pelo governo estadual e vistoriada por ele durante sobrevoo antes do evento, já estão prontos.
O Estado busca agora viabilizar a concessão. “O Aeroporto de Cargas, que integra a Plataforma Multimodal, vai gerar o maior up grade da história da economia de Goiás. Estamos pensando alto. Não há nenhuma cidade no País que tenha uma pista como esta pronta. Outras cidades que pensam em construir vão gastar de três a quatro anos para ter a licença ambiental, licitar, enfim, cumprir todo o ritual. A nossa já está finalizada. Estamos amadurecendo um projeto que talvez seja referência para o mundo”, disse.
Ferrovia de Integração
Além da plataforma, o transporte ferroviário é outra vertente de investimento trabalhada pelo poder público e pela iniciativa privada em Goiás, lembrou Marconi. Segundo ele, existe o interesse dos chineses em investir neste segmento, com a construção da Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (Fico), um trecho da Ferrovia Transatlântica, que ligará o Oceano Atlântico ao Pacífico, passando por Campinorte, no Norte goiano. “Estamos trabalhando para que estes investimentos aconteçam. Sabemos que logística e infraestrutura são setores importantes para o avanço do PIB, geração de emprego e renda”, avaliou.
Outro projeto férreo é o que promoverá a ligação entre Goiânia e Brasília. Marconi esclareceu que o poder público será responsável por 50% das obras dos trilhos. “Estamos acompanhando o andamento do Evtea (Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental). Os primeiros resultados são positivos. O consórcio entre Goiás e Distrito Federal vai entrar com a parte do poder público, responsável pela metade da obra. Vamos vender terrenos, levantar recursos, para fazer isto acontecer. Sabemos que esse negócio deverá estar maduro daqui a dez anos. O restante ficará com a iniciativa privada”, disse.
Ele citou ainda o processo de concessão da malha rodoviária do Estado. “Estou animado com o cenário. Estamos preparando nosso Estado para enfrentar a crise. Estamos vendo na crise uma oportunidade de nos destacarmos. Sabemos que o resultado se dá com a união entre setor público e privado. Isso aqui em Goiás está dando certo. Depois de recuperarmos as rodovias, vamos agora fazer parcerias para que sejam geridas pela iniciativa privada. Queremos chegar, até 2018, entre os cinco estados mais competitivos e na oitava posição do PIB. Não sei se vamos conseguir neste governo. Mas vamos chegar lá”, avaliou.
Marconi destacou ainda os resultados colhidos nos últimos dez anos, após o primeiro Agenda Goiás, em 2005. “Em 2015, a primeira edição completa dez anos. Neste período, o Estado se modernizou, tivemos um crescimento enorme do PIB, nos colocamos entre os líderes na geração de emprego no País. O Agenda Goiás foi de extrema importância para chegarmos a estes resultados”, afirmou. Para ele, Goiás conta agora com novos instrumentos para avançar mais ainda. “Agora planejamos o Estado que queremos em 2025. Temos ainda o Goiás Mais Competitivo e Inova Goiás. Estamos amparando o Estado para crescer sua produção com agregação de valor. Ainda temos o Consórcio do Brasil Central.”
Evento
O Agenda Goiás é uma parceria entre o jornal O Popular, Governo do Estado e Sebrae Goiás. O projeto promove fóruns de discussão em dez cidades-polo regionais, buscando propostas e sugestões de políticas públicas a serem implementadas nos próximos dez anos em Goiás. Os oito fóruns já realizados pelo Agenda Goiás foram sediados em Rio Verde (Desenvolvimento Urbano), Formosa (Proteção Social), Itumbiara (Gestão Pública), Catalão (Educação), São Luís de Montes Belos (Segurança Pública), Aruanã (Meio Ambiente), Porangatu (Saúde) e Luziânia (Parcerias Público-Privadas). Após Anápolis, a décima e última edição do Agenda Goiás, este ano, será realizada em Goiânia, no dia 2 de dezembro, para discutir Desenvolvimento Urbano na Região da Grande Goiânia.
Referência em gestão pública
Um dos palestrantes do evento, o economista e ex-diretor geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), reguladora dos serviços públicos de transporte ferroviário e rodoviário de carga e passageiros, Bernardo Figueiredo, afirmou que Goiás é referência em gestão pública para o Brasil inteiro. “A impressão é que o Estado faz o dever de casa. É naturalmente um centro logístico, por estar no centro do País. Para aprimorar esta característica, é preciso entender o problema que temos e o que queremos resolver, definir estratégias para construir uma logística competitiva e criar condições adequadas para a realização de ações estratégicas. Essa metodologia do governador Marconi em fazer com que a sociedade se aproprie do projeto, por meio da agenda, é muito positiva.”
Já o fundador e diretor-presidente do Instituto de Logística e Supply Chain (Ilos), organização voltada para o desenvolvimento e difusão das melhores práticas de logística, Paulo Fernando Fleury, disse durante palestra que o Brasil ainda sofre com a baixa capilaridade e qualidade da infraestrutura de transportes, com a falta de educação de qualidade em todos os níveis, as altas desigualdades sociais e a pouca confiança do mercado nas instituições nacionais. Esses problemas, somados ao excesso de burocracia e à falta de segurança nas grandes cidades, prejudicam a eficiência logística do País, afetando a competitividade no mercado internacional. Para ele, é preciso melhorar o sistema rodoviário e investir em novos modais, como o ferroviário.
Institucional
O prefeito de Anápolis, João Gomes, destacou as transformações oportunizadas pelo avanço em logística na cidade, graças à sinergia entre os governos estadual, federal e municipal. “Anápolis não é uma cidade ilha. É uma cidade polo, o centro da logística brasileira. A Ferrovia Norte Sul, cujo marco zero é em Anápolis, vai viabilizar a Plataforma Logística Multimodal. Assim como o Aeroporto de Cargas, construído pelo governador Marconi Perillo. Os governos federal e estadual estão fazendo sua parte, assim como a prefeitura, que vem investindo em obras necessárias”, disse.
Segundo ele, o investimento em logística é importante porque viabiliza a industrialização e, por consequência, a geração de emprego e renda. “Antes éramos conhecidos só como uma cidade comercial. Mas a infraestrutura nos possibilitou avançar na indústria, com o nascimento e o crescimento do Daia. Agora, temos outros dois distritos em discussão. Estamos vivendo um momento ímpar nestes 108 anos de historia de Anápolis, com o avanço nas parcerias entre o poder público e privado, que geram emprego e renda. No momento em que todos discutem dificuldades, nós discutimos oportunidade.”
O secretário de Meio Ambiente e Infraestrutura, Vilmar Rocha, disse que este é um evento certo, no lugar certo, com as pessoas certas. Segundo ele, o governo estadual vem buscando inserir Anápolis numa agenda nacional, para que o município se consolide como motor econômico do País. O avanço em infraestrutura, avalia, só é possível com concessões e parcerias na área de infraestrutura. “O poder público não tem poupança para investir sozinho. É preciso trabalharmos juntos com o setor privado”, afirmou.
O superintendente do Sebrae Goiás, Igor Montenegro, disse que crise é uma situação em que temos de eleger um caminho. Para isso, é preciso fazer um diagnóstico real da situação, exatamente como proposto pelo Agenda Goiás, para que os poderes público e privado trabalhem juntos com o objetivo de avançar em infraestrutura. “Goiás vem crescendo acima da média, com melhoria do IDH, diminuição da desigualdade, crescimento do PIB. Escolhemos os caminhos certos lá atrás. Agora é preciso investir em infraestrutura para avançar mais no futuro, porque nossa produção tende a crescer muito”, destacou.
Parcerias que impulsionam o crescimento
De acordo com Montenegro, nos próximos dez anos a produção goiana de grãos crescerá pelo menos 30%; algodão 43%, milho 51%, soja 42%, leite 47%, açúcar 44%, frango 46%. Os dados são do Ministério da Agricultura. “Vamos, praticamente, dobrar a produção. É impossível fazer uma expansão tão forte como essa sem uma infraestrutura cada vez mais eficiente. Temos concorrentes internos e externos. Para isso, precisamos dos recursos privados. Será fundamental a participação da iniciativa privada nesse processo. As concessões e a abertura do capital privado serão cada vez mais fundamentais. É preciso esta parceria para atender a demanda que se espera do futuro.”
Já o secretário de Gestão e Planejamento do Estado, Thiago Peixoto, afirmou que não tem como haver avanço em competitividade, sem avanço em logística e infraestrura. “Estas são pré condições porque não se produz se não tiver o canal de escoamento adequado. Anápolis e Goiás têm uma vocação natural para a logística. Não podemos ser vistos apenas como um corredor. Temos de agregar valor. Por isso é importante esta integração. Temos de ser um hub (concentrador) para agregar valor a toda a cadeia produtiva e deixar de ser um corredor”, disse.