Não bastasse perder a eleição presidencial em seu próprio estado, que culminou na derrota presidencial em 2014 ao Planalto, o senador Aécio Neves (PSDB/MG) viu 2015 passar e perder também a liderança opositora no Congresso para o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB/RJ)
Parece que falta a Aécio o protagonismo e a estratégia do avô, Tancredo Neves, que liderou as Diretas Já. Se tivesse a tática de Tancredo, em vez de ter colocado jogador de futebol para declarar apoio a sua candidatura no último programa eleitoral do segundo turno, Aécio teria preferido sentar em uma roda comunitária com quem recebe o Bolsa Família, comprometendo-se a não acabar com o benefício se fosse eleito. O efeito nas urnas teria sido muito maior.
Neste ano, o senador mineiro viu Eduardo Cunha ganhar as manchetes dos principais jornais por peitar a presidente Dilma Rousseff, mesmo fazendo parte de um partido que a apoia no plano nacional. Cunha tomou de Aécio a liderança opositora e o deixou a ver navios.
As trapalhadas e falta de estratégia do neto de Tancredo não acabam por aí. Em nome do impeachment, Aécio liderou um PSDB confuso e contraditório, ao votar a favor de tudo aquilo que era contra quando esteve no governo e vice-versa.
Os bajuladores de plantão do presidente do PSDB afirmam que ele conseguiu ano passado uma votação que nem José Serra e Geraldo Alckmin obtiveram nas eleições passadas. Espere aí: não vamos confundir votos de protesto com votos pessoais. Ora bolas! Aécio perdeu em seu próprio estado. Serra e Alckmin também teriam uma votação bastante expressiva em 2014, visto o desgaste do PT na presidência.
DF
Outra trapalhada de Aécio este ano foi na eleição interna do Diretório Regional do PSDB-DF. As 21 zonais foram eleitas no dia 17/5. O presidente do PSDB não acolheu o resultado e partiu a sigla ao meio, ao eleger uma junta interventora colocando na presidência o deputado federal Izalci Lucas, que retirou sua candidatura contra o deputado distrital Raimundo Ribeiro, na disputa interna.
Mais uma vez Aécio e suas trapalhadas prejudicam o protagonismo do PSDB, que em Brasília estava crescendo a todo vapor, e agora está dividido.
Vale ressaltar que os maiores caciques da legenda na capital discordaram do presidente do PSDB, incluindo a ex-governadora Maria de Lourdes Abadia.
Imaturidade
Ao enxergar a política como um jogo de futebol de botão, o neto de Tancredo prejudica seu partido como nunca. As más línguas dizem que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso anda muito insatisfeito com os rumos tomados pela cúpula da legenda, cujo presidente é Aécio.
A obsessão em ser presidente da República deve estar mexendo muito com o ego do ex-governador de Minas Gerais, que amargou uma derrota para Dilma no estado.
Foi um recado dos mineiros ao resto dos brasileiros?
Por Fred Lima do BLOG DO FRED LIMA