ARTIGO: Entorno, acima da média

*De novo nas manchetes. A região do Estado de Goiás circunvizinha do Distrito Federal, conhecida como Entorno, reaparece como líder na criminalidade

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O programa Fantástico (Rede Globo) divulgou, e o assunto repercutiu nos últimos dias em vários veículos de comunicação. Mas o que a nossa região tem de tão vulnerável?

Aqui há problemas que estão presentes em outras cidades do Estado, como a falta de saneamento básico, a deficiência no atendimento de saúde e educação, transporte público caro e desgastante, entre outros gargalos decorrentes, em grande parte, da concentração populacional nas cidades. Sabemos também que a violência não ocorre apenas no Entorno. A diferença é que o poder público chegou muito atrasado aqui. Como as cidades cresceram muito, e rapidamente, essas deficiências ficaram proporcionalmente maiores.

No caso da Segurança Pública, o número de delegacias, policiais militares e civis, viaturas, quartéis, tudo é pouco para atender à grande população. Portanto, os números altos de homicídios e roubos se explicam. Este problema foi tratado em reunião na Câmara de Luziânia no dia 1º.

Na Polícia Militar, a defasagem é preocupante. Além de haver um efetivo muito aquém do ideal, os próprios policiais temem pela pequena renovação do quadro. No último concurso, realizado em no ano passado, entraram apenas 18 policiais militares no 10º Batalhão da Polícia Militar de Luziânia. A considerar as aposentadorias previstas em breve e o crescimento da população, o momento é preocupante.

Já na Polícia Civil, a Regional de Luziânia abrange 800 mil habitantes, numa área de 19 mil quilômetros quadrados, conta com somente 27 delegados (incluindo os plantões), distribuídos em 11 cidades, inclusive as que lideram o ranking de campeãs em homicídio - Valparaíso de Goiás, Luziânia, Águas Lindas e Novo Gama. O número de agentes, também pequeno, gera sobrecarga e falta de tempo para se procederem às investigações. Ora, se a Polícia Investigativa é fundamental na elucidação e prevenção de crimes, e punição dos agentes da violência que quase sempre reincidem, chega-se à conclusão de que, como está, será difícil reduzir a violência. Além do déficit de pessoal, como há poucas centrais da polícia, e o atendimento costuma ser demorado, muita gente abre mão até de registrar a ocorrência, quando vítimas de criminosos. Ou seja, na prática, os números reais são certamente maiores que os que constam nos registros dos órgãos oficiais.

Portanto, medidas paliativas como o retorno da Força Nacional de Segurança para auxiliar o policiamento da região não devem ofuscar ações continuadas, que promovam efetivamente a pacificação a médio e longo prazo. Urge preencher as vagas ociosas, tanto na PM como na Polícia Civil. A segurança pública não se faz exclusivamente com força policial, mas inclusive com o bom trabalho das corporações. Investimentos para melhorar a atuação dos agentes de combate à criminalidade - inclusive no Poder Judiciário - devem ocorrer ao lado de políticas públicas na área social, num esforço conjunto da sociedade e das três esferas do poder - municipal, estadual e federal.

É preciso superar a tendência de lavar as mãos, como se segurança pública fosse apenas dever deste ou daquele. No caso dos municípios, devemos assumir o combate à criminalidade como prioridade local e regional. Neste sentido, é urgente a criação da Região Metropolitana do Distrito Federal, como previsto em lei, para assegurar uma gestão diferenciada, integrada de verdade. O que temos de mais valoroso no Entorno são as pessoas de bem - gente de Goiás, gente do Norte e Nordeste, do Sul e Sudeste. Esse patrimônio - a vida - é prioridade!


*Cassiana Tormin é jornalista, mestre em Gestão Territorial e Urbana, pós-graduada em Pedagogia Catequética e vereadora em Luziânia.
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Por Renata Belsantos

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