“Governar é definir prioridades depois de ouvir o povo”. Esta frase é do meu pai, o ex-governador do Distrito Federal, Joaquim Roriz, e virou citação de, pelo menos, nove entre 10 políticos. Aliados, adversários, não importa. A importância dessas palavras é tamanha que todos acabam, hora ou outra, lançando mão do que um dia disse Roriz. Porém, a frase só fará sentido se, na prática, “o povo” for ouvido. Mas será que é isso que vem acontecendo?
O último governo que passou pelo DF, por exemplo, teve a sensibilidade de ouvir a população para elencar suas prioridades? Certamente, não! A prova disso foi o resultado catastrófico da última gestão e seu saldo extremamente negativo, deixado como herança para a população do Distrito Federal: salários de servidores atrasados, greves, insatisfação geral, caos. E olha que não foi falta de recados vindos “do povo”. Aliás, em 2013 e 2014, o povo foi às ruas inúmeras vezes pedir pela educação, pelo transporte, pela saúde, pela segurança, enquanto o governo se ocupava em apenas realizar uma Copa do Mundo na nossa cidade. Infelizmente, foi assim.
De nada vale a política se o povo não tiver oportunidade de dizer o que quer. Aprendi isso ainda no berço. E assim promovo os meus mandatos como deputada distrital até hoje. Buscando com quem sabe – o povo – para que, como parlamentar, eu possa realmente melhorar a vida das pessoas e contribuir para um Distrito Federal melhor para todos nós. A voz vem das ruas. Precisamos apenas, ouvi-la.
E no início de fevereiro, a Câmara Legislativa – uma instituição ainda pouco valorizada pela população e sempre escolhida pela mídia para ser alvo reportagens negativas – mostrou que realmente pretende fazer diferente nesta legislatura e se aproximar da população do Distrito Federal. Em uma iniciativa honrosa, resolveu que sua primeira sessão do ano não seria realizada dentro das quatro paredes do plenário da Casa, mas junto ao povo.
E assim aconteceu no último dia 4, quando o projeto “Câmara em Movimento” se instalou na Rodoviária do Plano Piloto e todas as pessoas que desejaram, tiveram a oportunidade de pegar o microfone e falar. Falar sem medo, sem censura. Contar os problemas de sua cidade, contar seus anseios e, num magnífico exercício de cidadania, ajudar a “definir prioridades”.
Foi um dia histórico. O dia em que a Casa do Povo, que abriga representantes do povo, foi ao encontro do povo. Para ouvir e atender a população. Para buscar alternativas para o momento difícil que o DF passa causado pelo desgoverno da última gestão. Para entender que cada cidade do Distrito Federal tem sua necessidade, a sua particularidade. E também para cumprir o seu papel, afinal, cada deputado só estará contribuindo de verdade com a nossa capital se for um fiel fiscalizador de gastos e se criar e aprovar leis que efetivamente beneficiem a população. E ouvindo o que o povo quer, dificilmente haverá erro.
Por Liliane Roriz, Deputada Distrital e Vice Presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal.