Com planejamento, imaginação e disposição, os próximos dois meses de férias escolares podem ser sinônimos de diversão para as crianças e de tranquilidade para os pais, mesmo para aqueles que não têm folga
Quando chega da escola, à tardinha, a menina ouve logo o chamado das amigas. Os pedidos são para que Júlia Queiroz, de 4 anos, volte rápido para aproveitar as últimas horas do dia, brincando no parquinho. Com dezembro começando, o balanço, o escorrega, a piscina e o campinho não vão ter sossego, e a brincadeira, que se limitava apenas à noite, agora é o dia todo e todos os dias pelos próximos dois meses.
Acontece no condomínio em que a Júlia mora com os pais, a consultora Aline Queiroz, 30, e o administrador Roberto Júnior, 31, e se repete na maioria dos prédios, com ou sem área de lazer.
“Não tem jeito: nessa época aumenta o número de crianças brincando e quanto mais criança mais felicidade”, conta a mãe. A alegria dos pequenos, porém, tem dois lados. Para a vice-presidente de condomínios do Sindicato da Habitação do Ceará (Secovi), Lilian Alves, nas férias, é preciso ainda mais jogo de cintura. “É preciso que os pais tenham cuidados redobrados com a segurança e que os síndicos criem o hábito de conversar com as crianças. Tem sempre crianças convidadas e todos devem cumprir as regras do condomínio”, conta.
As férias chegam e nem sempre coincidem com o período de folga dos pais, então, os condomínios se enchem de crianças com energia para gastar. É nessa hora que entra o planejamento. Para o coordenador do Centro de Estudo sobre Ludicidade e Lazer (Celula) da Universidade Federal do Ceará (UFC), professor Marcos Teodorico, as férias devem ser um período em que os pais devem se aproximar ao máximo dos filhos.
O professor sugere que a família reúna-se, planeje e agende atividades que possam ser curtidas por todos, atendendo aos interesses e horários dos membros. “A criança sempre deve ser a protagonista. E é interessante se informar sobre a programação cultural - levar a parques, a espaços qualificados na cidade, ir andar de bicicleta, ir à praia, fazer caminhadas, piqueniques”, propõe o professor, destacando que sempre há atividades de baixos custos.
Em casa
Quando a brincadeira é para ser feita em casa, o espaço limitado não é fator determinante quando se coloca a imaginação para trabalhar. Teodorico recomenda que, nos expedientes livres de cada pai e nos fins de semana, o contato com os filhos seja intenso. “Dá para contar história; brincar com jogos de tabuleiro; pegar um barbante criar uma teia na varanda, brincar de espião e fazer de conta que os barbantes são raios-laser; ir para cozinha e ensinar a fazer gelatina, picolé”, enumera a infinidade de brincadeiras que se pode realizar.
O professor ainda sugere que as atividades de casa, como arrumar o guarda-roupas, por exemplo, sejam estimuladas de forma lúdica, como criar um novo padrão de organização.
Se a brincadeira vai para as áreas comuns de lazer dos condomínios, é válido que os pais se reúnam e criem rodízios. Assim, os rebentos terão sempre algum adulto por perto. A convivência com outras crianças e de diferentes idades é instigada pelo coordenador, que entende a criança como ser social que precisa interagir com a pluralidade de pensamentos, culturas, religiões, conceitos de ética e de moralidade. “Sempre existirão conflitos e a forma como eles os resolvem é que sedimenta a maturidade da criança”.
Os pais, independentemente ou intermediados por síndicos, podem implementar infraestrutura ou atividades recreativas no condomínio. “Tenho conversado com os pais e estamos pensando em alugar um pula-pula para as férias”, exemplifica Aline.
Outra opção é contratar uma empresa de atividades recreativas e fazer uma verdadeira colônia de férias no condomínio. “É uma boa saída, porque os pais não precisam pegar trânsito para deixar e buscar os filhos e todas as atividades acontecem com a segurança de estar quase em casa”, conta a educadora física Carla Cunha.