Tudo teve início no século 3, quando Cosme e Damião, irmãos gêmeos filhos de uma família nobre, começaram a usar a medicina para curar as pessoas mais pobres da Arábia
Hoje é o Dia de São Cosme e Damião. A tradição anual de distribuição de guloseimas no dia dos santos irmãos, mantida pela Igreja Católica em 26 de setembro, faz a alegria de meninos e meninas em vários cantos do Brasil. Sacolinhas com doce de banana, doce de abóbora, paçoca, maria-mole, suspiro e balinhas estão prontas para serem entregues por devotos dos santos ou cumpridores de promessa. Esse é o dia em que a criançada bate de porta em porta à caça de doces.
Tudo teve início no século 3, quando Cosme e Damião, irmãos gêmeos filhos de uma família nobre, começaram a usar a medicina para curar as pessoas mais pobres da Arábia. Por serem muito católicos, os dois confiaram no poder da oração e de Deus para ajudar os mais necessitados e não cobravam nada pelo serviço. Vítimas de um imperador romano chamado Deocleciano, os santos morreram degolados por volta do ano 300 d.C. Pelo fato de terem sido sempre muito dedicados à meninada, Cosme e Damião se tornaram protetores dos gêmeos, das crianças e padroeiros dos médicos. Os africanos que vieram para o Brasil também tinham dois gêmeos crianças, os Ibejes, entre os santos de sua religião. Hoje, eles são os mesmos santos e foi criado o costume de distribuir doces para homenageá-los e para cumprir promessas.
Há mais de três décadas, a aposentada Marli da Silva Abi-Acl, 70 anos, prepara saquinhos recheados de balas e chocolates para distribuir à criançada na data. Nesta manhã, Marli afirmou que vai acordar cedo para cumprir a promessa. Com um filho doente, a aposentada resolveu fazer uma promessa e sonhou com Cosme e Damião. Desde o sonho, ela prometeu ao filho distribuir doces todos os anos no dia dos santos. “É um dia muito legal para as crianças. Faço porque gosto muito. Ver a felicidade no rostinho desses meninos é a minha maior recompensa”, garantiu. Ela entregará cerca de 120 saquinhos pelas ruas do Guará. “Enquanto eu estiver viva, vou continuar fazendo esse trabalho”, completou.
A publicadora Adriana Tereza Oliveira, 46, contou que a família dela faz a felicidade da garotada há anos. “É uma tradição familiar. Quando era criança, pegava os saquinhos na vizinhança. Minha mãe distribui os doces até hoje e eu e meus irmãos ajudamos. Tentamos entregar as sacolas em regiões carentes. Além do significado religioso, é uma lembrança boa da infância.”