O líder do Democratas no Senado Federal, Ronaldo Caiado (GO), repudiou a forma com a qual a votação do impeachment foi fatiada e afirmou que vai recorrer ao Supremo Tribunal Federal
Foto: Sidney Lins Jr
Por aceitação do presidente da sessão Ricardo Lewandowski, o julgamento da presidente Dilma Rousseff foi separado em duas votações. Ela foi cassada por 61 a 20 votos, mas não teve sua inabilitação política validada em uma votação que não atingiu dois terços do plenário (42 a 36 a favor).
Durante encaminhamento de votação na etapa final do impeachment, o líder do Democratas no Senado, Ronaldo Caiado (GO), afirmou que o processo que se encerra hoje tem a função de revelar quem são os verdadeiros “canalhas” da política. Dilma Rousseff foi cassada no início desta tarde (31/8) por 61 votos a 20. Na visão do senador, os “canalhas” são aqueles que mentiram para o povo, foram irresponsáveis com o orçamento e deixaram o país numa situação caótica. O parlamentar ainda afirmou que a partir de hoje o povo se sentirá aliviado e com a esperança de que haverá a recuperação do país com o fim do modelo populista implantado pelo PT.
“Deste processo tiramos algumas lições. A primeira é que um presidente da República tem que respeitar o orçamento. Não tratá-lo como peça de ficção, não avançar sobre o dinheiro público para fazer populismo, demagogia e irresponsabilidade que levou a situação caótica do país. O populismo que foi implantado e muito bem defendido pela presidente e seu antecessor, Lula, que levou o país a esse processo de desemprego, de inflação, de convivência com uma sociedade enganada pelo maior estelionato eleitoral já visto”, opinou.
“É o momento de deixarmos claro quem são os verdadeiros canalhas da política. Os verdadeiros canalhas são os que assaltaram a Petrobras; que usaram verba pública para suas eleições estaduais, municipais e federal; que tiraram dinheiro do atendimento à saúde; que deixaram 12 milhões de desempregados, que levaram, indiscutivelmente, o país a uma situação econômica-social caótica, que levou o país a perda de credibilidade internacional. Este é o momento de praticarmos a maior assepsia já vista na política brasileira, de tirar todo tecido contaminado da política, de tirar esse modelo que naufragou e da oportunidade de esperança ao povo que quer o dinheiro destinado, não aos países bolivarianos, mas à saúde, educação, segurança, infraestrutura. Esse é grande novo desafio. Por isso, meu voto é sim ao impeachment!”, concluiu Caiado em seu encaminhamento.
"Eu, com a prerrogativa de senador, recorrerei ao STF baseado no que está muito claro no Artigo 85 da Constituição. Nossa carta magna não dá esta margem de interpretação ao Senado Federal. Não se pode fatiar aquilo que a Constituição e o Supremo determinaram anteriormente. Para se mudar a Constituição é preciso de uma emenda constitucional que tem todo um rito especial. Não é por destaque de um artigo", acusou.
'Acordão'
Caiado acusou o PMDB e o PT de terem realizado um "acordão" para salvar Dilma da inabilitação política por 8 anos. "Ficou claro que esta segunda votação foi um grande 'acordão' entre o PT e o PMDB. Esta manobra representa o que existe de mais espúrio e negativo na política. Tenho a certeza de que, como se diz no interior, a sociedade está neste momento com 'a pulga atrás da orelha'", concluiu.