Nascido no Maranhão, jovem veio à Cidade Ocidental realizar o sonho de viver da dança
Dherlison da Silva Vasconcelos — ou b-boy Jazz, como é conhecido no mundo da dança — nasceu em Buriti, cidade maranhense a quatro horas de distância da capital, São Luís. Teve o primeiro contato com a cultura hip-hop aos 14 anos, por intermédio de um amigo. Assistia a DVDs de breakdance com o irmão mais novo e aprendia os passos pela tela. Ali, o jovem se apaixonou por um ritmo que mudaria definitivamente a sua vida. Enfrentou preconceitos, passou por necessidades financeiras, mas, hoje, aos 20 anos, Dherlison tem uma certeza: quer viver da dança. “Quando comecei a dançar, eu nunca mais parei. Nem pretendo parar.” No último fim de semana, o jovem ganhou o mundo. Representou o Brasil em um campeonato de breakdance na Bélgica.
Em 2010, Dherlison se mudou para o Entorno da capital federal. Foi morar com uma tia na Cidade Ocidental. Antes de ingressar nos grupos de break, teve que contar com a aprovação familiar. Menor de idade, começou a procurar locais para desenvolver a paixão, mas foi proibido pela tia. B-boy Jazz se viu em uma situação complicada, mas desistir do sonho não era uma opção. “Eu falava, em casa, que tinha trabalho da escola para fazer e ia treinar. Mas chegou a um ponto em que não dava mais para mentir. Tive que retornar para minha terra”, comenta. Em 2011, o dançarino teve a oportunidade de regressar à capital federal para morar com um amigo, que fazia parte de um grupo de dança. Era o apoio de que precisava.
Trilhou um longo caminho de treinos até realizar um sonho: integrar o grupo Quebra de Movimento, de Santa Maria. Quando ainda morava em Buriti, Dherlison costumava assistir a vídeos da equipe de que hoje faz parte. “Eu não tinha ideia dessa proporção. Não sonhava que eu ia conhecer os b-boys que eu conheço. Muito menos dançar com eles.” Os treinos no QDM ocorrem somente aos sábados e domingos; porém, a prática é diária. Dherlison costuma chamar amigos da Cidade Ocidental para treinarem em um ginásio do município, ou em casa. Os treinos têm duração de até quatro horas por dia. “Aqui no Brasil, a gente sente falta de apoio para o break.”
O sonho de Jazz é viver da dança, mas, enquanto não consegue, o jovem cursa educação física e trabalha no suporte técnico de um banco. Tira o dinheiro do próprio bolso para participar das competições. “A dança, para mim, é meu estilo de vida. Eu trabalho para sustentar a minha dança”, resume. Para o b-boy, o break é prioridade absoluta. Ele recusa, por exemplo, uma partida de futebol com os amigos por medo de se machucar. “Antes de fazer qualquer coisa, eu penso no break, no que pode influenciar na minha evolução.”
Pelo mundo
E o esforço começou a render frutos. No último fim de semana, Dherlison representou o Brasil no campeonato Unbreakcable World Championship de BreakDance, realizado, este ano, na Bélgica. O b-boy esclarece que, se a organização do evento não tivesse bancado a ida dele à competição, não teria chances de participar. Afinal, ele não conta com nenhum tipo de patrocínio. “A experiência foi extraordinária, poder competir com os que eu considero os melhores do mundo, de igual para igual, foi uma experiência única.” Em 2013, o brasileiro chegou a ser selecionado para competir na Grécia. Porém, por, na época, ser menor de idade e por conta de toda a burocracia envolvida, não conseguiu tirar o passaporte e embarcar na disputa.
O maranhense ainda se surpreende com o espaço que conquistou. Para ele, a dança é algo muito natural, faz parte da rotina. Nunca teve a ambição de alcançar um lugar de destaque. Sempre agradece a Deus, pelas oportunidades, e aos amigos, que em todos os momentos acreditaram e sonharam com ele.
Com informações do CB.