O ministro das Relações Exteriores, José Serra, anunciou hoje (18) as dez diretrizes que nortearão os novos rumos da política externa brasileira
Serra destacou que a pasta atuará com outros ministérios, como Defesa, Planejamento e Fazenda para reverter o quadro que considerou "penúria de recursos" no Itamaraty.
"Quero retirar o Itamaraty gradativamente da penúria de recursos em que foi deixado pela irresponsabilidade fiscal que dominou a economia brasileira nesta última década", disse. “Nossa política externa será regida pelos valores do Estado e da nação, não de um governo, jamais de um partido”, completou.
O ministro informou ainda que atuará para reduzir o chamado “Custo Brasil”, que, segundo ele, impõe acréscimo de 25% em mercadorias e produtos com os custos de tributação do país.
Temas como meio ambiente, direitos humanos e proteção do território brasileiro no combate ao contrabando de armas e mercadorias e o tráfico de drogas também fazem parte das diretrizes apresentadas por Serra.
“Vou trabalhar muito, apresentar e receber idéias, tomar iniciativas e delegar responsabilidades, cobrar resultados e promover negociações efetivas, bem como ter presença marcante. Longe de cumprir um calendário de visitas inócuas para cumprir tabelas”, acrescentou.
Novo ministro das Relações Exteriores afirmou que vai resgatar o Itamaraty da ‘penúria’, com a ajuda do ministro do Planejamento, Romero Jucá
O novo ministro das Relações Exteriores, José Serra (PSDB), apresentou nesta quarta-feira as diretrizes da política externa brasileira, em cerimônia de transmissão de cargo com seu antecessor, o chanceler Mauro Vieira.
“A nossa política externa será regida pelos valores do Estado e da nação, não de um governo e jamais de um partido”, disse Serra. “Estaremos atentos à defesa da democracia, das liberdades e dos direitos humanos em qualquer país, em qualquer regime.”
Serra também criticou a “ingerência” em questões nacionais de outros países, depois de rebater na semana passada declarações de Cuba, Venezuela, Equador, Bolívia e Nicarágua, que criticaram o processo de impeachment que afastou temporariamente a presidente eleita Dilma Rousseff.
Sob aplausos e diante de uma plateia do corpo diplomático, embaixadores e dezenas de parlamentares, governadores tucanos e outros ministros do governo Michel Temer (PMDB), Serra afirmou que vai recuperar a capacidade financeira do Itamaraty e que contará com a ajuda do ministro do Planejamento, Romero Jucá, para recuperar o ministério da “penúria”.
“A Casa será reforçada e não enfraquecida. No governo Temer, o Itamaraty volta ao núcleo central do governo”, discursou o novo chanceler, frisando que, no ministério, não vai apenas “fazer visitas inócuas para cumprir tabela”.
O ministro afirmou que o país terá de buscar um “papel pioneiro” na gestão do clima e poderá receber “recursos caudalosos” de entidades internacionais para preservação da biodiversidade.
Na política regional, Serra disse que buscará um aprofundamento da parceria com a Argentina de Maurício Macri, para reorganização da política e da economia. Pouco antes, o ex-ministro Mauro Vieira, a quem Serra elogiou pela “prestatividade”, havia dito que a “parceria com a Argentina é mais estratégico pilar da integração do Mercosul”. Para Serra, no entanto, mesmo as relações comerciais ainda deixam a desejar. “Precisamos renovar o Mercosul com objetivo de fortalecê-lo, antes de mais nada, com relação ao livre comércio”, disse.
Ele disse que também vai buscar aproximação com os países regionais da Aliança Para o Pacífico – Chile, Peru, Colômbia e México.
Também afirmou que buscará retomar as relações com Japão e Estados Unidos e trabalhar para a remoção de barreiras tarifárias. E buscar parceiros novos na Ásia, consolidando acordos comerciais com mercados de grande porte a China e a Índia.
Multilateralismo – Serra criticou a postura do país na OMC e disse que, nos governos do PT, o Brasil “fez concessões sem reciprocidade” e ficou amarrado a esforços multilaterais que não prosperaram e ficou à margem da multiplicação de parceiros bilaterais.
Serra ainda criticou a política externa de aproximação no hemisfério sul com países da África, colocada em prática no governo Lula. O tucano disse que na década anterior, as relações com países africanos virou “estratégia publicitária” e não priorizou o comércio.
“Não pode essa relação restringir-se, como pretendiam e pretendem alguns, a laços fraternos do passado e a correspondências culturais, mas sobretudo forjar parcerias concretas para o futuro. A África espera um efetivo intercâmbio tecnológico e econômico”, afirmou. “Um país do tamanho do Brasil não escolhe ou repele parcerias.”
Com informações são da “VEJA.com”.