Planilha enterra pretensão nacional de Aécio e Marconi

As citações de Marconi Perillo (PSDB) e Aécio Neves (PSDB) nas planilhas da Odebrecht, somadas à busca e apreensão no apartamento de Jayme Rincón (PSDB) e a conta secreta de Aécio Neves em Liechtenstein enterram de vez as pretensões nacionais de ambos

Aécio, claro, tem mais a perder pois já é uma liderança nacional, tanto que quase venceu a última eleição presidencial. Marconi Perillo perde pouco neste aspecto porque nunca teve, de fato, alguma chance de brilhar fora de Goiás. Agora, piorou. Depois da Operação Monte Carlo, aparece desta vez envolvido na Lava Jato. 

A delação do senador Delícidio Amaral revelou que, de fato, existentem contas bancárias secretas de Aécio no LGT Bank, sediado no principado de Liechtenstein, para o tucano Aécio Neves, presidente nacional do PSDB. Sem contar que ele também teria recebido propina de Furnas, segundo o próprio Delcídio. 

O nome do governador Marconi Perillo (PSDB) entrou de vez na Operação Lava Jato. Ele aparece em dois momentos (e possivelmente um terceiro e quarto momentos) nas planilhas da Odebrecht divulgadas pelo jornalista Fernando Rodrigues. Um deles coincide com doações legais, declaradas à Justiça Eleitoral. Mas outras doações que aparecem nas planilhas (julgando que os dados da planilha da Odebrecht sejam verídicos) não constam da prestação de contas da campanha eleitoral. Ou seja: pode ser propina ou caixa 2 de campanha.

É no valor da doação ilegal de R$ 600 mil (divididos em duas parcelas de R$ 300 mil) que Marconi aparece associado diretamente ao codinome "casero", cujo significado ainda é um mistério. Há ainda um terceiro momento em que doações a um MP e PG são citados, em Goiás. Supõe-se que MP seja Marconi Perillo e PG seja Paulo Garcia (PT), prefeito de Goiânia, mas não se pode provar (a não ser que o Ministério Público Federal investigue ou aceite a delação premiada dos executivos da Odebrecht). Em um quarto momento, são citadas várias doações para "Piqui" (a grafia é essa mesma) e "Ambrosia". Da mesma forma, não se sabe a que políticos essas citações fazem referência, ainda que a "ambrosia" seja a mais famosa das sobremesas servidas no Palácio das Esmeraldas.

Um quinto momento é mais consistente, tem despacho do juiz federal Sergio Moro e, se comprovado, também mostra uma doação ilegal (ou seja, com fins específicos de caixa 2 ou pagamento de propina) a Marconi Perillo ou Jayme Rincón. Na terça-feira, 22 de março, a Polícia Federal cumpriu mandado de busca e apreensão no apartamento do presidente da Agência Goiana de Transportes e Obras (Agetop), Jayme Rincón (PSDB), em São Paulo. Sobre isso, Jayme deu uma declaração se esquivando e dizendo não responder pelo motorista morto. Já Marconi Perillo nada disse até agora. 

O despacho do juiz Sérgio Moro relata que foi registrada em planilha de Ricardo Ferraz, diretor de contrato da Odebrecht, a entrega de R$ 1 milhão em dinheiro vivo ao motorista de Jayme Rincón, que tinha como apelido "Padeiro", no dia 22 de outubro de 2014, exatamente quatro dias antes do segundo turno da eleição de 2014, vencida por Marconi Perillo. A ordem era entregar o dinheiro, em espécie, no endereço do apartamento de Jayme Rincón. Também há registro na planilha de dois celulares que estavam no nome de “Padeiro”.

De acordo com as investigações, o motorista de Jayme conhecido por “Padeiro” era o policial militar de Goiás, Sergio Rodrigues de Souza Vaz. Um dos anexos da representação feita pela PF ao juiz Sergio Moro reproduz a planilha com anotação a mão: "Entregar (indica o endereço do apartamento de Jayme) ao senhor Sérgio (telefones registrados) dia 22/10, das 10h às 12h".

Motorista de Jayme desde 2010, Sérgio Vaz morreu depois de reagir a assalto a uma pamonharia em Anápolis, no dia 31 de janeiro em 2016. Jayme Rincón disse que não tem ligação alguma com Ricardo Ferraz e que desconhece o motivo para a busca em seu apartamento.
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Por Viviane Del Sarto

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