Presidenta vê crescer lista de problemas que assombram o Planalto

Problemas vão além dos herdados dos últimos quatro anos

Nos primeiros 18 dias do segundo mandato, a presidente Dilma Rousseff viu crescer a lista de problemas que assombram o Planalto, e até quem apostava em um período de calmaria neste início de 2015 se surpreendeu. Não bastassem as dificuldades herdadas dos últimos quatro anos, as recentes decisões da petista implicaram embates com os principais partidos aliados, brigas dentro do próprio PT e atritos com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Outras medidas afetaram o bolso da população, como a alta de juros para o financiamento da casa própria e a mudança de regras trabalhistas, que desfavorecem a população. Ainda vêm por aí medidas impopulares, como o aumento de impostos, de combustíveis e da conta de luz, que pode chegar a 35%. Para engrossar o caldo, a crise na Petrobras parece ganhar fôlego em vez de ser arrefecida. Na definição de um cacique petista, em pouco mais de duas semanas, a presidente “conseguiu desagradar a todos”.

A Lava-Jato, no entanto, não é a única crise que vem desde o governo passado. O Planalto terá de reatar laços com o setor financeiro, reconquistar os empresários, conter a inflação, reavaliar a articulação com o Congresso, refazer pontes com os movimentos sociais e evitar fiasco na organização das Olimpíadas do Rio, em 2016.

Após assistir à maneira como a presidente encarou os primeiros dias de governo, um aliado desabafou: “Vimos a falência da articulação política com o Legislativo”. “Temos a esperança de que melhore, mas não vemos sinal disso. Temos visto atitudes públicas que só demonstram fragilidade. Não era preciso a presidente ter desautorizado o ministro Nelson Barbosa (Planejamento) sobre o reajuste do salário mínimo. Atitudes como essa deveriam ter ficado lá atrás, em 2014”, completa. Segundo o aliado, a expectativa para 2015 já era difícil, e não precisava ter se tornado ainda pior. “Teremos pela frente os cortes de gastos, o anúncio de aumento de impostos, da luz, de combustíveis, o fim das desonerações… Eram coisas que foram escondidas na campanha, mas que eram evidentes, e agora vamos ter que fazer esse anúncios com esse contexto”, reclama.

Outro petista questiona: “Onde está a presidente? Ela sumiu, o governo se calou. Só as notícias negativas falam”. A avaliação de integrantes do Planalto é de que a presidente não teve maleabilidade para lidar com as pressões e deixou os ruídos falarem mais alto. “Foram criando cada vez mais crises. Um dos problemas que o governo não tinha, mas construiu, é a briga pela presidência da Câmara. A força da candidatura de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) foi resultado do esforço do governo em ignorar o parlamento. Ele é apenas a cereja do bolo de um Congresso desprezado”, dispara um petista graúdo.
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Por Renata Belsantos

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