Pesquisa da USP revela que metade das brasileiras não atinge o orgasmo nas relações sexuais
Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), a sexualidade é uma necessidade básica do ser humano, que não pode ser desvinculada de outros aspectos da vida, como a sociabilidade e a afetividade, além de influenciar a saúde física e mental.
A ciência busca explicar aspectos da sexualidade masculina e feminina, que se diferenciam na origem. Enquanto que para o homem a maior preocupação é a disfunção erétil, para a mulher a maior dificuldade é chegar ao orgasmo.
Metade das brasileiras não tem orgasmo
Recente pesquisa realizada pelo Projeto de Sexualidade da Universidade de São Paulo (Prosex), na Faculdade de Medicina, concluiu que metade das brasileiras não chega ao orgasmo nas relações sexuais. Foram entrevistadas três mil mulheres, de 18 a 70 anos de idade, em sete regiões metropolitanas do país: Belém, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre e Distrito Federal.
As conclusões da referida pesquisa não são nada favoráveis: 55,6% têm dificuldade para atingir o clímax na relação, 67% têm dificuldade para se excitar e 59,7% sentem dor durante o ato sexual.
Segundo a sexóloga Priscila Junqueira, formada pela mesma Faculdade de Medicina da USP, alguns dos fatores que contribuem para o insucesso das mulheres no #sexo são culturais, pois a educação dada às meninas costuma ser repressora, enquanto que para os meninos é incentivada. Outra questão é a falta de conhecimento do próprio corpo. "Mulheres chegam ao meu consultório sem nunca ter se tocado. Não sabem quais são as suas zonas erógenas mais prazerosas e nem como estimulá-las", relatou a especialista.
Quanto à dor, a ginecologista e obstetra Erica Mantelli explica que este é um sinal de que há algo errado com a saúde. As causas da dor durante a relação sexual podem ser muitas, tais como endometriose, infecções genitais, doenças sexualmente transmissíveis ou falta de lubrificação, que pode ter várias causas. Fatores psicológicos também influenciam, pois se a mulher está tensa ou estressada, a musculatura vaginal não relaxa e isto também pode provocar dor.
Viagra feminino: como funciona?
Enquanto que as pílulas desenvolvidas para a disfunção erétil, que afeta mais da metade dos homens acima dos 40 anos de idade, funcionam de forma "fisica", aumentando o fluxo de sangue no pênis e facilitando a ereção, para as mulheres o problema é mais complexo. De acordo com a medicina, o principal órgão sexual feminino é o cérebro, daí a dificuldade no desenvolvimento de um produto que funcione. Ainda assim, a Food and Drugs Administration, órgão que regula alimentos e medicamentos nos Estados Unidos, aprovou a pílula de flibanserina, apelidada de "viagra feminino".
Entretando, as dificuldades da complexa libido feminina dificilmente serão resolvidas com um único medicamento. Segundo o ginecologista Alberto D'Auria, "as mulheres são emocionais". Ele avalia que a nova descoberta pode atuar como uma "muleta" na busca do prazer. A pílula, que tem o nome comercial de Addiy, age na serotonina, neurotransmissor que, entre outras funções no organismo, equilibra o desejo sexual.
O Dr. D'Auria explica que a sexualidade masculina é genital. "O homem produz testosterona e é premiado com uma certa burrice, que confere a ele uma alegria permanente. Se tiver uma vagina para penetrar, uma cerveja e um amigo, ele já estará feliz", e completa: "A mulher é um ser nutrido por estrógeno, o que dá a elas uma complexidade absurda. Elas misturam o lado direito e esquerdo do cérebro, o que confere a elas racionalidade, romantismo e esperteza". Esta característica seria a causa da variação e suscetibilidade da libido feminina.
Fica a dica da sexóloga Priscila Junqueira: quebrar tabus, buscar conhecimento e informação, praticar atividade física, prestar atenção à autoestima, relaxar e, se for o caso, consultar um médico, são o caminho para encontrar o prazer.