ENTREVISTA: Fábio Correa fala dos desafios da gestão e apresenta planos para sanar problemas de Cidade Ocidental a curto, médio e longo prazo

Novo prefeito de Cidade Ocidental, na Região Metropolitana de Brasília, Fábio Correa (PRTB) não é exceção entre os gestores recém-empossados que lamentam a crise do País e as más condições deixadas por seus antecessores. Em entrevista recente ao portal, ele conta que o município enfrenta crises em diversos setores e relata situação “desanimadora”

Por outro lado, Fábio Correa é otimista ao traçar planos a curto, médio e longo prazo, e pedir auxílio da população para sair da crise. Tais medidas, elenca o prefeito, passam pelo aumento da arrecadação tributária, criação de uma área de desenvolvimento econômica, além de ações imediatas na Saúde e Educação do município.

“Dentro dessas dificuldades, começamos ver aquilo que não deu certo na gestão anterior e, conhecendo nossa cidade, posso dizer que quase tudo não deu certo. Quando você olha para qualquer área, a situação é desanimadora. […] Dentro das minhas prioridades e mesmo em crise, entretanto tenho que mostrar que ainda há solução e buscar esses caminhos”, afirma. Confira abaixo a entrevista na íntegra:

Como está a situação da Prefeitura de Cidade Ocidental atualmente?
Assumi esse mês como oposição à antiga gestão e tenho certeza que todos os prefeitos devem ter o mesmo discurso de que a situação está difícil, e não sou diferente. A situação realmente não está fácil, mas, dentro dessas dificuldades, começamos ver aquilo que não deu certo na gestão anterior e, conhecendo nossa cidade, posso dizer que quase tudo não deu certo. Quando você olha para qualquer área, a situação é desanimadora. Aquele discurso de que o País está em crise foi usado e aproveitaram para deixar as coisas como estavam.

Dentro desse cenário, a gente espera muito do povo, porque eu tenho feito minha parte. Dentro das minhas prioridades, tenho que mostrar que ainda tem solução e buscar esses caminhos. Por isso, sempre vou em Goiânia e Brasília buscar parcerias e apoio, porque, às vezes, apenas com a arrecadação municipal é difícil você, por exemplo, retomar obras…

Essa é uma situação complicada para todos os municípios, e principalmente no Entorno. A arrecadação no município, hoje, consegue pagar tranquilamente a folha de pagamento?
Tem que conseguir, porque, caso contrário, você desobedece a Lei de Responsabilidade Fiscal. Você tem que se virar. Nesse primeiro mês, estou tentando de todas as formas chegar no máximo 40% da minha arrecadação para a Folha, e tenho um limite de 54%. Quero ver se faço essa ginástica para que a cidade possa andar e não seja comprometido o atendimento ao cidadão. Acho que a melhor coisa é economizar, mas é importante lembrar que, se você apenas cortar, o município começa a perder sua capacidade de atendimento. A chave é encontrar dentro do potencial da cidade o seu crescimento de arrecadação.

E qual é esse potencial?
Todas as cidades da Região Metropolitana — e vamos esquecer da palavra Entorno e começar a falar Região Metropolitana — para começar a aumentar a arrecadação deve passar a olhar algumas características diferenciadas em relação a outras regiões. A minha cidade em si, eu tenho certeza que ela é a melhor da Região Metropolitana… Valparaíso é a próxima. Mas a minha cidade já tem 382 km² e temos um Plano Diretor aprovado no ano passado que cria uma área de desenvolvimento econômico. O governador tem um projeto protocolado na Assembleia, justamente, para promover um crescimento regionalizado. E estamos aqui para mostrar para ele que temos uma área de desenvolvimento econômica ao lado de Valparaíso, que, por sua vez, tem uma característica comercial, mas não tem uma área para indústria, o que nós já temos. Além disso, contamos, ainda, com um de eixo de produção de fácil escoamento com possibilidade de indústrias de diversos portes. O importante é que temos espaço para isso, o que precisamos é criar condição, e já começamos a criar. Não será da noite para o dia, mas, se não começar agora, talvez não aconteça nunca, por isso já estamos começando.

Essa é uma situação a médio e a longo prazo. O que pretende fazer a curto prazo?
A médio e curto prazo, tenho sim que organizar a arrecadação municipal dentro do estilo do meu crescimento organizado. Um exemplo: Como Brasília tem uma déficit habitacional muito grande e nós temos áreas muito boas, temos que atrair essas pessoas para que a gente possa construir mais, criando maior densidade demográfica. Com isso, eu posso fortalecer meu comércio e, assim, aumentar a arrecadação do ITBI e IPTU.

É claro que isso demanda de um pouco de tempo. E qual é esse tempo? O tempo é para ontem. Já no ano passado, ainda como vereador, falei com a minha antecessora, e pedi a ela que protocolasse o Refis, uma oportunidade para que as pessoas pudessem acertar suas dívidas quanto ao pagamento de IPTU. Na Cidade Ocidental, criou-se o hábito de não quitar o imposto e hoje temos quase R$ 60 milhões para receber. Então, com o Refis, vamos tentar trazer essas pessoas e, assim, adquirirmos um pouco mais de caixa. Além disso, dentro desse programa, eu dou a oportunidade da pessoa liquidar seus débitos e incentivo uma mentalidade mais moderna para que as pessoas comecem a pagar o imposto em dia.

Hoje, qual é o maior problema de Ocidental? Educação, saúde, segurança…
O Brasil em si está morrendo, está pagando com a própria vida a má-gestão da saúde, então não é mais particularidade do interior, de cidades pobres. Você chega em Brasília, não tem nada, as pessoas estão morrendo na fila. Você chega em hospital de grande porte, não tem um raio-x que funcione, uma ressonância que funcione. O médico tenta curar alguém, fazer um diagnóstico, apenas no olhômetro.

Por isso, a saúde hoje é minha prioridade. Vamos organizar as nossas 18 unidades de Saúde da Família, temos mais duas unidades a inaugurar, que estão quase prontas e vou tentar entregar em no máximo 60 dias. Temos outro hospital que estava sem nenhuma condição, já limpei, demos nova cara, organizamos o pessoal e já estamos atendendo bem. Só de você colocar um sorriso, mudar o ar, a vontade de atender, as pessoas começaram a se sentir bem. Já temos emenda do deputado federal Célio Silveira (PSDB) para organizar esse hospital, reforma-lo, comprar equipamentos e tentar fazer as cirurgias de baixa complexidade. Vamos fazer parcerias com outros hospitais que têm na região — a própria Secretaria Estadual de Saúde está criando as condições de consórcios.

Outra questão é que, como em todas as cidades da Região Metropolitana, a maioria das pessoas trabalham em Brasília. E aí? Às vezes os prefeitos colocam médico de manhã até o meio dia, das 14 horas até as 18 horas. Eu inverti. O médico da tarde vai começar às 17 horas e ficar até as 22 horas, então vou começar com experiência em duas unidades, para atender as pessoas que chegam à noite.

Em dois meses, começo também a fazer dois programas interessantes, que é Saúde do Homem e Saúde da Mulher, para que eles possam fazer seus check-ups anuais dentro das próprias unidades de Saúde da Família. Aí a pessoa não vai mais para o hospital que ficava lotado às 19, 20 horas apenas por uma dor de cabeça, vai para o posto de saúde que é do lado da sua casa. É algo complexo, mas acho que até março eu coloco no mínimo três unidades atendendo dessa maneira.

Já organizamos medicação, já demos uma nova cara ao hospital, já começamos a humanizar o atendimento das unidades de Saúde da Família, as duas unidades que estão para construir, já chamei as pessoas que ganharam a licitação e pedi um pouquinho mais de celeridade.

E o pagamento nas unidades está em dia?
Está em dia, o problema é de metragem. A gente falar dos problemas dos outros é fácil, achar a solução é que é difícil. Mas peguei dois engenheiros meus, pedi a eles que fizessem uma vistoria, junto com a pessoa que ganhou a licitação da construção, para que eles pudessem, atendendo às exigências contratuais e dentro da lei, entregar o mais rápido possível. Acho que uma unidade eu faço em no máximo dez dias, que é a do Jardim ABC, a mais distante.

Além disso, temos duas bases do SAMU que estão funcionando “meio lá, meio cá”, mas já estamos organizando. Uma, que já existia, ficava no Jardim ABC, e está totalmente desmontada, vou montar nesse mês de fevereiro; e a do centro da cidade, vou deixa-la mais bem equipada e mais bem organizada.

Temos outras prioridades também: o transporte que não funciona, a educação, por exemplo. Essa, aliás, eu fui até um pouco mais ágil e, no final do ano, já reportei o secretário de Educação, que sempre foi meu aliado e é uma pessoa competente. E ainda em novembro, dezembro, eu já estava trabalhando na educação, já estava mostrando o que eu queria e quais eram as prioridades.

As vagas na Educação têm sido suficiente?
Tínhamos um déficit muito grande na pré-escola. O Estado de Goiás está abaixo do índice do Brasil e Cidade Ocidental está abaixo do índice de Goiás, então, estamos pior um pouquinho. Para tentar resolver a questão, liguei para o secretário e falei: “Eu quero uma solução, quero que você faça um estudo escola por escola para saber quantos alunos tem em cada sala. Eu não quero alugar nada, mas quero buscar dentro de cada escola um espaço”.

Sabe o que aconteceu? Simplesmente, nas escolas em que não cabia mais ninguém nós conseguimos aumentar a capacidade do primário. No Silva Neto, que é a maior escola do município, economizamos três salas de aula para a pré-escola, vamos ter 90 alunos de manhã e 90 à tarde. O Jardim ABC tem uma escola que tem mais de mil alunos e alugávamos quatro salas ao lado. Entreguei o aluguel, matriculamos mais 10% de alunos e ainda abri mais quatro turmas de pré-escola, duas de manhã e duas de tarde. Tinha sala de violão, de som, não sei de quê, não… Sala é sala de aula. E aí conseguimos fazer esse milagre que ninguém imaginava.

Tenho um pensamento também para que a gente possa abrir mais quatro escolas esse ano em outros bairros que crescem rápido e, assim, possamos atender os mais de 11 mil alunos que temos hoje. Quero chegar ao final do mandato com mais de 20 mil alunos. E é isso que nós temos que fazer. Temos, ainda, por exemplo, duas creches que estão em construção há oito, nove anos, e já chamei a responsabilidade, vamos encarar. Vou tentando fazer minha parte e mostrando para a comunidade, para o povo, que pode acreditar. De repente eu acendo a esperança em cada um.


Por Alexandre Parrode, Bruna Aidar e Marcelo Gouveia com informações do Jornal Opção.
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Por Edilayne Costa

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