Transportes
A infraestrutura de transportes brasileira e, especialmente, a goiana é fundamental para o desenvolvimento econômico de Goiás, pois o Estado tem localização privilegiada no país. Essa localização central de Goiás no território brasileiro favorece o uso de diferentes modais - rodoviário, ferroviário, aeroviário, hidroviário e dutoviário - que interligam as demais regiões do país. Alguns apresentam vantagens e desvantagens em decorrência de fatores como segurança e eficiência no atendimento às demandas, custo do frete em relação ao valor da mercadoria, tipo e destino da mercadoria.
Existe uma preferência, inclusive histórica, pelo transporte rodoviário, que deve ser repensada no contexto de um planejamento de longo prazo. O atraso no desenvolvimento de novos modais sobrecarrega as rodovias, encarecendo o custo de transporte, já que para grandes distâncias, esse não é o meio de menor custo operacional. Neste sentido, o investimento nesta e em outras alternativas é um desafio para o Estado.
O Plano de Desenvolvimento do Sistema de Transporte do Estado de Goiás (PDTG) foi o primeiro planejamento estratégico intermodal de transportes, realizado em Goiás, e contou na sua elaboração com a participação das três instâncias governamentais e da sociedade civil. Teve como meta alinhar políticas e ações públicas necessárias para adequar o setor de transportes aos fluxos produtivos relevantes para o Estado e constituir parte do financiamento da malha rodoviária estadual. Portanto, para entender o atual contexto dos transportes em Goiás é interessante que se retome o PDTG e se entenda a estratégia logística nacional.
Rodoviário
Um dos estudos mais importantes sobre o transporte rodoviário é feito periodicamente pela Confederação Nacional do Transporte (CNT). Para Goiás, o estudo cobriu 5.384 km de rodovias em 2014. A frota goiana era de mais de 3,2 milhões de veículos para uma extensão de 11.155 km pavimentados, dos quais 3.466 km são federais e 7.629 km são estaduais. DO total, 87% são de pistas simples de mão dupla e apenas 13% de pista dupla.
A condição geral das rodovias localizadas no Estado é de 7% em ótimo, 30% bom, 44% regular, 13% ruim e 6% péssimo. Sobre a classificação de alguns aspectos especificamente, a respeito da superfície do pavimento e pinturas das faixas centrais e laterais, quase metade está em ótimas condições, entretanto, a outra metade está desgastada ou em más condições, sendo esta uma das fragilidades do principal meio de escoamento da produção goiana. 81% dos quilômetros de rodovias em Goiás possuem placas de indicação, com 80% destas visíveis e 85% legíveis.
Recentemente o Governo de Goiás anunciou pacote de obras de conclusão e construção de novas estradas, pontes, aeroportos, viadutos e duplicações. Este volume de obras significou o maior pacote de investimentos já feito na infraestrutura rodoviária e aeroportuária em Goiás, através do Programa Rodovida. O programa foi dividido em quatro eixos (Reconstrução, Urbano, Manutenção e Construção), sendo que para o modal rodoviário a prioridade foi atender trechos que apresentavam dificuldades nas condições de tráfego e propor o aumento da vida útil das rodovias em, no mínimo, 10 anos.
Nos últimos anos, o governo federal vem duplicando algumas das principais rodovias que cortam o Estado. Assim, grande parte dos investimentos será realizada por meio de concessões, que atingiram o território goiano, na BR-153 GO/TO, trecho Anápolis (Entr. BR-060) – Entr. TO-080 (56 km de Palmas); e, na BR-050 GO/MG - Entr. BR-040 (Cristalina) – Div. SP/MG, passando por Catalão.
Ressalta-se que o estudo da CNT mostra que as condições das rodovias com gestões concedidas são, em média, melhor que as de gestão pública. Logo, provavelmente, além da duplicação, as referidas rodovias terão uma melhora qualitativa que facilitará o tráfego, e consequentemente, o desenvolvimento econômico do Estado.
Mobilidade Urbana
A Constituição Federal rege que o sistema de transporte público urbano é gerido pelo governo municipal, enquanto o transporte metropolitano de passageiros é responsabilidade dos estados em conjunto com as cidades da região metropolitana, restringindo-se às linhas de ônibus urbanos e semi-urbanos. Logo, a mobilidade urbana é um tema que diz respeito, especialmente, aos maiores centros urbanos do Estado, como a Região Metropolitana de Goiânia, Anápolis e o Entorno do DF, que tem grande ligação com o Distrito Federal. Este possui suas próprias políticas de mobilidade, mais articuladas aos governos municipais daquela região do que à esfera estadual goiana.
Em Goiânia, chama atenção a construção do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), projeto integrado ao sistema de transporte metropolitano. Os recursos, da ordem de bilhões, serão do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do Governo do Estado de Goiás e da iniciativa privada. Outra obra importante a ser executada é o sistema BRT (Bus Rapid Transit) de Goiânia, chamado de Corredor Goiás Norte/Sul com previsão de início das operações para 2016. A concepção do sistema prevê a implantação de faixas exclusivas para o transporte coletivo e a substituição da frota atual por veículos de maior capacidade. Esses tipos de iniciativas são importantes para dar mais qualidade ao transporte público e reduzir o tempo médio de viagem, o que representa maior qualidade de vida para os goianos. Além disso, são exemplos para cidades de menor porte, que já começam a sofrer os problemas ligados ao trânsito das grandes cidades.
Nessa linha, de acordo com o estudo Arranjos Populacionais e Concentrações Urbanas do Brasil do IBGE, Anápolis possui uma intensidade de deslocamento média alta com Goiânia, o que instiga uma maior atenção do poder público a respeito das políticas de transporte de passageiros entre as duas cidades.
Ferroviário
É sabido que um dos transportes terrestres com menor custo para longas distâncias é o ferroviário. Essa seria uma das melhores alternativas de escoamento da produção agrícola de grãos do Estado de Goiás. Dentre os benefícios das ferrovias estão os de reduzir os custos de comercialização no mercado interno, reduzir a emissão de poluentes, reduzir o número de acidentes em estradas, melhorar o desempenho econômico de toda a malha ferroviária e desafogar os outros modais, aumentar a competitividade dos produtos brasileiros no exterior e, melhorar a renda e a distribuição
da riqueza nacional.
Atualmente, Goiás conta com o recém construído ramal norte da Ferrovia Norte-Sul (FNS). Esta teve sua construção iniciada por trechos, na década de 1980, a partir da ligação com a Estrada de Ferro Carajás. O traçado inicial previa a construção de 1.550 km, de Açailândia (MA) até Anápolis (GO), entretanto o trecho recém inaugurado faz parte do Tramo Central (855 km) e vai de Anápolis até Porto Nacional (TO). Atualmente existem investimentos em execução do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) no ramal sul da FNS. Este trecho vai de Ouro Verde de Goiás (GO) a Estrela d´Oeste (SP), correspondendo a 669km.
Outra ferrovia importante com presença em Goiás é a Centro-Atlântica (FCA), originária da antiga Rede Ferroviária Federal S/A (RFFSA) e voltada exclusivamente para a operação ferroviária de cargas com logística focada, principalmente, em granéis.
Em Goiás, novos investimentos no modal ferroviário fazem parte do Programa de Concessões de Rodovias e Ferrovias, no qual a Valec comprará capacidade de transporte da ferrovia e oferecerá sua capacidade. O governo federal dividiu o programa em duas etapas que contemplam trecho entre Lucas do Rio Verde (MT) – Uruaçu (GO) da Ferrovia da Integração Centro-Oeste e faz parte do primeiro grupo.
A conclusão e operação dessas ferrovias revelam uma série de oportunidades, mas, por outro lado, geram alguns desafios para o Estado. Entre eles, e talvez o mais importante, o de interligar as rodovias aos terminais de cargas dessas ferrovias. Além disso, o aumento da competitividade dos produtos goianos pode agravar ainda mais a questão da demanda por transporte rodoviário, demandando do Governo do Estado investimento ainda maior em estradas.
Aeroviário
De acordo com Anuário de Transporte Aéreo 2012 da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), existem em Goiás quatro aeroportos utilizados por voos domésticos regulares e não regulares: Goiânia, Rio Verde, Caldas Novas e Minaçu. Segundo estudo do IMB, existem 31 aeródromos públicos, 107 aeródromos privados e 17 helipontos. Está em execução um programa do Governo federal de expansão dos aeroportos regionais, além de um projeto do Governo estadual em execução, que contempla um aeroporto de cargas (e, possivelmente, passageiros) em Anápolis, que integra a Plataforma Logística Multimodal de Goiás.
O Programa de Investimentos em Logística-Aeroportos, da Empresa de Planejamento e Logística (EPL) tem o objetivo de fortalecer e ampliar a aviação regional, com novos aeroportos, aumento do número de rotas operadas pelas empresas aéreas, melhoria da infraestrutura aeroportuária e ampliação da malha de aeroportos regionais. Este programa prevê a construção ou expansão de 10 aeroportos em Goiás (Mapa 1), e conta com parceria, por meio de convênio, com Estados e municípios, o que garantiria o custeio e gestão desses aeroportos. Desse modo, a sobrecarga no transporte rodoviário reduziria, elevando a eficiência do transporte aéreo no Estado. Além de tudo, a localização estratégica de Goiás para esse tipo de transporte o coloca entre um dos principais Estados para receber novas rotas. Neste contexto, o Aeroporto de Goiânia, prestes a ser concluído, vai exigir a atenção do Governo do Estado no que se refere às obras urbanísticas em torno da área, assim como um plano de expansão, dada a recente elevação da demanda não acompanhada pela oferta de infraestrutura aeroviária.
Por fim, ressalta-se a adequação da interligação dos diferentes tipos de transportes, que, neste sentido, foi criada a Plataforma Logística Multimodal de Goiás, baseada em sua localização estratégica, "Trevo do Brasil", situada entre Goiânia e Brasília, com fácil acesso rodoviário ao DAIA (Distrito Agroindustrial de Anápolis) e Porto Seco (Estação Aduaneira do Interior) pelas BR-153 e BR-060, além do ramal ferroviário com a Ferrovia Centro-Atlântica - cuja ligação com os trilhos da ferrovia Norte-Sul está na iminência de se efetivar - e do Aeroporto de Cargas de Anápolis. A Plataforma se oferece para ser o centro de serviços de logística integrado com as principais rotas logísticas do país, com acesso eficiente aos eixos de transporte rodoviário, ferroviário e aeroportuário, promovendo uma maior sinergia operacional entre as empresas do Estado.
Hidroviário
O território goiano é ocupado pelas maiores bacias hidrográficas do Brasil: a do Paraná, Tocantins/Araguaia e São Francisco. Entretanto, apenas nas duas primeiras há navegação com transporte de cargas viável economicamente. Em Goiás destacam-se como centros polarizadores os municípios de Luís Alves, no rio Araguaia, e São Simão, no Paranaíba-Tietê-Paraná. Estes chamam atenção pela sua potencialidade produtiva e disponibilidade de infraestrutura, que viabilizam o transporte da produção, principalmente agrícola e de minérios, atividades que o Estado tem se sobressaído no período recente.
A pesquisa da CNT da Navegação Interior de 2013 levantou os principais problemas das hidrovias brasileiras. No caso goiano, os portos foram identificados com problemas sem gravidade nos quesitos eficiência, carência de terminais, berços e retroáreas. No que se refere aos canais de navegação, as profundidades observadas durante as cheias foram consideradas ideais. Porém, na seca, as profundidades médias observadas nos terminais de Goiás são inferiores à profundidade informada como necessária para garantir a navegação segura, obrigando os armadores a operarem com embarcações carregadas abaixo da capacidade ou até não navegarem. Neste sentido, para garantir a profundidade necessária para comportar, o tráfego das embarcações (no canal de navegação ou na área dos berços) é fundamental a realização de operações de dragagem. Neste quesito, Goiás teve 50% das avaliações negativas, portanto, necessitando de especial atenção do poder público. Por fim, a pesquisa mostra que o tempo de espera para atracação é razoável.
Dutoviário
O modal dutoviário em Goiás se refere ao duto que vai de Senador Canedo (GO) a Paulínia (SP) e de lá para o porto de São Sebastião, além dos projetos de duto paralelo ao anterior e do ramal que partirá de Jataí (GO), passando por Itumbiara (GO) com o mesmo destino. O projeto é de um grupo de empresas e se estende por 1,3 mil km ligando algumas das principais regiões produtoras do Estado com o principal centro consumidor do país. O alcoolduto prevê uma redução média de 50% dos custos de escoamento da produção goiana de etanol do sul do Estado, além de reduzir a emissão de poluentes, desafogar as rodovias e ser mais ágil no atendimento dos centros consumidores.
Energia
Em 2012 a oferta interna de energia em Goiás foi de 12,32 milhões de tep - tonelada equivalente de petróleo - medida internacional para expressar as diferentes formas de energia em unidade padrão. Na matriz energética predominam as fontes não renováveis (52%), com destaque para o óleo diesel, que representa 18,4% da matriz, além do gás natural veicular, com 8,9% de participação.
As fontes renováveis possuem menor participação, com 48%, sendo destaque os produtos da canade-açúcar com 38,1%, seguido da energia hidráulica/eletricidade com 7,8%. Dessa forma, a proporção de fontes renováveis na matriz energética goiana é considerada alta, superior à médianacional (42,4%) e à média mundial (13,2%). O setor de Transporte é o maior consumidor na matriz energética de Goiás: 46,6% do total. O setor industrial em seguida tem participação de 19,9% e o setor energético 19,7%. No entanto, o setor comercial foi o que mais cresceu no consumo de energia, um aumento de 17,7% em relação ao ano de 2011, indicando o crescimento do setor no Estado.
No geral, a oferta interna de energia e o consumo final de energia tiveram acréscimos de 13,6% e de 8,41%, respectivamente. Como resultado, a autossuficiência de energia saltou de 77,36 para 81,59 tep em 2012. Também teve crescimento o consumo de energia per capita em Goiás, passando de 1,51 tep/hab em 2011 para 1,6 tep/hab em 2012 (aumento de 5,96%), superior à média nacional de 1,31 tep/hab.
O etanol se tornou destaque na balança comercial energética de Goiás, tendo nos últimos cinco anos apresentado crescimento de 302,5%, saltando de 1.525 tep em 2007 para 2.267 tep em 2012, o que reduziu significativamente a dependência externa. Goiás consumiu 954 mil m³ e exportou 2,18 milhões de m³ de etanol.
Em se tratando de energia elétrica, em 2012, segundo a Secretaria de Meio Ambiente, Recursos Hídricos, Infraestrutura, Cidades e Assuntos Metropolitanos em seu Balanço Energético do Estado, Goiás é o 4º estado brasileiro em capacidade instalada de energia elétrica, com 8,6% da capacidade.
O consumo interno foi de 11,73 mil GWh, que representam 28,9% da produção, portanto Goiás exportou para a rede nacional 21,5 mil GWh, ou seja 67,1% da produção. O parque gerador elétrico goiano destaca-se pela geração de eletricidade por meio de energia renovável. São 95 usinas em operação com capacidade instalada de 10.572 MW de potência. Desse total, 86,3% são gerados por usinas hidrelétricas, 13,7% por usina térmica. Além das usinas em operação, há 22 outras em construção ou com outorga de concessão, cujo potencial soma 598 MW.